Coronel de Infantaria, com o Curso do Estado Maior, participou nas “Campanhas de Pacificação” de Angola, onde foi capitão-mor e Governador de Província.
Republicano liberal, manifestou-se sempre contra a Ditadura Militar, tendo sido preso por implicação no movimento de 20 de julho de 1928 e a 9 de abril de 1931, enquanto decorria a Revolta da Madeira.
Ao lado do Oficial da Marinha Agatão Lança, do tenente-coronel Fernando Pais Teles Utra Machado, do tenente-coronel Sarmento de Beires e do coronel Hélder Ribeiro, foi um dos principais membros do Comité Revolucionário que levou à Revolta de 26 de agosto de 1931, em Lisboa.
Este movimento revolucionário foi a última revolta militar em Lisboa do que aparece designado como “reviralho”, reunindo elementos civis e militares da esquerda republicana e intelectuais ligados à Seara Nova, contando ainda com o apoio de alguns setores de direita descontentes com o rumo da Ditadura Militar. Durante a revolta, participam nela populares de origem libertária e comunista.
As unidades sublevadas foram os Sapadores Mineiros de Queluz e da Pontinha e o Grupo de Bombardeiros e Aerosteiros de Alverca.
Inicialmente prevista para ocorrer em articulação com a Revolta da Madeira (que arrancou na madrugada de 4 de abril de 1931), a verdade é que o 26 de agosto durou pouco mais de 4 horas, causando, no entanto, quatro dezenas de mortos.
A 26 de Agosto de 1931, o coronel Dias Antunes, acompanhado pelo capitão Justino Ferreira e pelo tenente Melo e Cunha e com o concurso do veterinário Joaquim Pratas (da Escola Agrícola da Paiã), dirigiu um grupo de cerca de 200 homens que aderiram ao movimento nos quartéis de Sapadores Mineiros de Queluz e da Pontinha, ao qual se associaram numerosos civis da zona de Carnide, Benfica e Amadora. O confronto com tropas fiéis de Caçadores 7 da Ajuda, comandadas pelo então capitão Jorge Botelho Moniz, deu-se na zona das Laranjeiras e de Sete-Rios, onde os revoltosos ficaram paralisados. Por outro lado, os aviões de Alverca também se revelaram impotentes para evitar a reação das unidades militares fiéis ao governo e da GNR.
A reação do governo foi de grande violência: só na Penitenciária de Lisboa, contaram-se 328 presos e, “até se apurarem responsabilidades”, foram detidos todos os mecânicos do Campo de Aviação de Alverca, “embora a maioria (…) não tivesse tomado parte no movimento”, Ver ainda em anexo o resumo da Nota Oficioda do Governo e Diretivas da Censura à Imprensa.
O coronel Dias Antunes foi demitido por decreto de 28-08-1931 e deportado para Timor, tal como os principais dirigentes da revolta, para onde seguiram no navio «Pedro Gomes», que partiu de Belém às oito da manhã do dia 2 de setembro e seguiu diretamente pela rota do Mediterrâneo e pelo Canal do Suez para Timor, onde chegou a 16-10-1931. Transportava 358 presos, 271 civis e 87 militares.
Esses deportados foram distribuídos por dois campos de concentração criados pelo Governador António Baptista Justo (1930-1933), um na ilha de Ataúro e outro no enclave de Oecussi-Ambeno. Muitos presos terão morrido de paludismo, dada a inexistência de quinino e de mosquiteiros.
Dias Antunes conseguiu fazer chegar à Liga dos Combatentes da Grande Guerra diversos documentos que denunciavam as condições a que os deportados estavam expostos nos presídios e nos campos de concentração. Após múltiplos protestos, “o Governo central acabou por lhes dar ordem de soltura, embora sem permissão para sair da Colónia de Timor” – o que provocou a chegada a Díli de cerca de 500 europeus, duplicando praticamente a população civil europeia!
Dias Antunes, ao contrário da maioria dos deportados, entretanto amnistiado, decide permanecer em Timor, vivendo em Ermera, onde, apesar de grandes dificuldades, se dedica ao negócio do café.
Numa carta a José de Castro Júnior, datada de 24-10-1939, refere que «O malandro do Salazar assinou um ofício para a Direção do Montepio ordenando que ele fosse riscado de sócio: “São 36 anos de descontos que me rouba, o grande cão!”
Morreu em Timor em 1940, aos 64 anos de idade.
(Dados relativos aos deportados em Timor em Madalena Salvação Barreto, “Deportação, colonialismo e interações culturais em Timor: o caso dos deportados nas décadas de 20 e 30 do século XX”, 2014)