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Carlos Paredes

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Data da primeira prisão

Foi um dos grandes guitarristas e é um símbolo ímpar da cultura portuguesa, um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa e um grande compositor. Antifascista desde a sua juventude, foi preso em 1958, permaneceu um mês na cadeia do Aljube e foi enviado para Caxias. Julgado em Tribunal Plenário (1959), foi condenado a 20 meses de prisão e 3 anos de suspensão de direitos políticos, com pena suspensa durante 3 anos. Contudo, à data do julgamento e libertação, contava já com 15 meses de prisão. Foi afastado da função pública.

Além de militante dos movimentos da Oposição Democrática, era uma presença regular nas iniciativas contra a Ditadura, onde tocava gratuitamente por solidariedade, contribuindo assim para a angariação de fundos quer para as famílias dos presos políticos, quer para a luta antifascista.

Nasceu a 16 de Fevereiro de 1925. Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes, começou a estudar guitarra portuguesa aos quatro anos com o seu pai; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia de Amadores de Música.

Em 1934, a família muda-se para Lisboa, porque o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra.

Inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes (seu pai), na Emissora Nacional, e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de São José.

Em 1958, é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual era de facto militante, sendo libertado no final de 1959 e expulso da função pública, na sequência de julgamento em Tribunal Plenário. Durante esse tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco – de facto, estava a compor músicas mentalmente.

Em 1962, é convidado pelo realizador Paulo Rocha, para compor a banda sonora do filme Os Verdes Anos: «Muitos jovens vinham de outras terras para tentarem a sorte em Lisboa. Isso tinha para mim um grande interesse humano e serviu de inspiração a muitas das minhas músicas. Eram jovens completamente marginalizados, empregadas domésticas, de lojas – Eram precisamente essas pessoas com que eu simpatizava profundamente, pela sua simplicidade». Recebeu um reconhecimento especial por «Os Verdes anos».

Tocou com muitos artistas, incluindo Charlie Haden, Adriano Correia de Oliveira e Carlos do Carmo. Escreveu muitas músicas para filmes e em 1967 gravou o seu primeiro LP «Guitarra Portuguesa».

Quando os presos políticos foram libertados depois do 25 de Abril de 1974, eram vistos como heróis. No entanto, Carlos Paredes sempre recusou esse estatuto, então dado pelo povo. Sobre o tempo que foi preso nunca gostou muito de comentar. Dizia «houve pessoas, que sofreram mais do que eu!». Reintegrado no quadro do Hospital de São José, percorre o país actuando em sessões culturais, musicais e políticas, sempre com uma vida simples, e por incrível que possa parecer, mantendo em simultâneo a sua profissão de arquivista de radiografias.

A sua paixão pela guitarra era tanta que, certa vez, a sua guitarra se perdeu numa viagem de avião e ele confessou a um amigo que «pensou em se suicidar».

Uma doença do sistema nervoso central (mielopatia), impediu-o de tocar durante os últimos 11 anos da sua vida.