Nascido em Torres Vedras a 14 de janeiro de 1923, filho de António Simões e Palmira Rosa Simões, foi preso pela primeira vez a 7 de março de 1951, para “averiguações” e enviado para a diretoria da PIDE, em Lisboa, recolhendo à prisão de Caxias. Treze dias depois, a 20 de março, foi transferido para o Aljube e retornou a Caxias no dia 5 de maio, para regressar ao Aljube a 11 de outubro de 1951.
Julgado em 24-01-1952, foi condenado a sessenta dias de prisão, considerada cumprida com o tempo da prisão preventiva, 60 dias de multa a 5$00 (escudos) diários, a que se somaram mais 1000$00 de imposto de justiça (o que fez um total a pagar de 1300$00) e cinco anos de suspensão dos direitos políticos.
Depois de ter sido libertado, Carlos Simões acabou por se mudar para o concelho de Mafra, tornando-se proprietário do seu próprio negócio e, posteriormente, representante da Citroën em Mafra.
A 21 de abril de 1964, voltou a ser detido, desta vez por suspeita de “actividades contra a segurança do Estado”. Retornou ao circuito prisional: entrou em Caxias a 21 de abril, foi transferido para o Aljube a 15 de maio e retornou a Caxias a 26 de maio. A 25 de junho, foi libertado, depois de ter estado detido mais de dois meses, sem que fosse formalizada uma acusação contra ele. Dessa prisão, a sua filha Olga Marina recorda as visitas a seu pai, em Caxias, onde um portão verde e gigante o encerrava do mundo, bem como a violência com que era empurrado pelos guardas no início e fim das visitas . Provavelmente, esta prisão (poucos dias antes da segunda detenção de Mário Luís Caracol) deveu-se ao facto de ambos terem sido denunciados como dirigentes da Direção de Organização Regional do PCP Oeste-Ribatejo. No entanto, a PIDE não terá sido capaz de provar as acusações, pelo que ambos foram libertados sem terem sido levados a julgamento.
Em 1973, tal como outros ex-presos políticos do concelho, foi co-signatário do manifesto Todos ao Recenseamento, assinado por muitos outros membros da oposição (comunista e não-comunista) mafrense. Mas Carlos Simões não foi apenas mais um signatário. Algumas das reuniões de preparação do manifesto tiveram lugar na oficina de que era proprietário e os panfletos com o texto, em algumas áreas do concelho, foram distribuídos em carros pertencentes a Carlos Simões, que se manteve politicamente interventivo até ao final da Ditadura. Segundo ainda testemunho de sua filha Olga, a sua fácil mobilidade em automóvel próprio fazia com que fossem constantes os apoios que prestava a opositores que se deslocavam de noite, clandestinamente. Era, aliás, acompanhado pela mulher e pelas filhas, para melhor poder simular a deslocação de um “tio” ou de um “primo” clandestinos. Na mesma linha, Carlos Simões foi um ativo dinamizador do processo de criação das Comissões Administrativas que asseguraram a transição para o poder democrático local, após a Revolução de Abril.
Fontes: Memorial Mafra (ANTT-Proc. 294/49 e RGP nº 20 188; Testemunhos orais).