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Cassiano Ferreira *

Cassiano Ferreira
18160
Data da primeira prisão

Filho de António Ferreira e Maria das Dores, nasceu em Mafra a 7 de março de 1920. Foi empregado na Farmácia Medeiros, onde trabalhou com Afonso Medeiros. Cedo deixou esse emprego e fixou-se como comerciante. Em inícios de 1946, Afonso Medeiros convenceu-o a aderir ao Partido Comunista Português (PCP) e Cassiano Ferreira juntou-se à organização local do partido em Mafra. A partir do final do ano, tornou-se membro do Comité Local do PCP em Mafra, primeiro com José Filipe Teixeira e Mário Luís Caracol (ambos convidados por si para se juntarem ao partido), depois com Afonso Esteves Medeiros e Carlos da Silva Cardosa.
No primeiro comité local, que funcionou entre finais de 1946 e dezembro de 1947, Cassiano Ferreira, sob o pseudónimo “Antero”, estava encarregue das células do Livramento e da Malveira. Já no segundo comité, que funcionou entre o final de 1947 e março de 1948 (mês em que foram detidos pela polícia política), ele continuava encarregado daquelas células, a que se somavam as do Gradil, Murgeira e Barreiralva.
A 11 de março de 1948, foi detido pela PIDE, no seguimento de uma investigação a umas pichagens oposicionistas no muro da Tapada de Mafra, que já havia levado à detenção de José Filipe Teixeira e Mário Luís Caracol. Foi levado primeiro para o Aljube e depois para Caxias. Foi condenado a 18 meses de prisão, em primeira instância, mas recorreu e pôde aguardar o resultado do recurso em liberdade, entre 3 de novembro de 1948 e 24 de novembro de 1949. Nessa data, voltou a ser preso, depois de o Supremo Tribunal de Justiça lhe agravar a pena de dezoito para vinte meses de prisão correcional, tendo-o ainda condenado à suspensão de direitos políticos por cinco anos, no imposto de justiça no valor de 1000$00 e sujeito a medidas de segurança de um ano de internamento. Cumpriu a pena de prisão e o ano de internamento. Primeiro em Caxias, depois em Peniche. Saiu em liberdade condicional a 11 de agosto de 1951 e foi-lhe concedida a liberdade definitiva a 8 de março de 1956.
Tal como aconteceu com os restantes presos de 1948, também Cassiano Ferreira não cessou as suas atividades políticas oposicionistas, nem as suas ligações a companheiros políticos presos. De facto, com Mário Luís Caracol, foi co-proprietário de uma loja em Mafra, relação pessoal e comercial que manteve durante largos anos. No campo da atividade política, é certo que não mais foi preso pela polícia política da ditadura, mas manteve-se nos círculos da oposição mafrense. Em 1973, foi co-signatário do manifesto Todos ao Recenseamento, assinado por muitos outros membros da oposição mafrense.

Fontes: Memorial Mafra (ANTT-Proc. 294/48 e RGP nº 18 160; Testemunhos orais).