Nasceu em Lisboa, em 19 de dezembro de 1896, filho de Teresa de Jesus Costa e de Manuel José da Costa.
Pintor, a residir e a trabalhar na capital, pertenceu, durante a República, às Juventudes Sindicalistas. Preso em 28 de março de 1928, acusado de “ser o principal autor do atentado contra o Chefe dos guardas da Penitenciária”, foi deportado para a Guiné em 4 de maio, seguindo, com outros presos políticos e sociais, no “Gil Eanes”.
Preso em 8 de julho de 1928, “por ser legionário vermelho evadido da Guiné”, seria deportado, em 21 de agosto, para Moçambique. Transferido para Cabo Verde, foi-lhe fixada residência obrigatória em Timor, conseguido evadir-se nesta última viagem quando a bordo do vapor “Moçambique”, onde também se encontravam Arnaldo Simões Januário, Bernardino dos Santos, Carlos Cal Brandão e Daniel Severino.
Preso, mais uma vez, em 18 de fevereiro de 1932, em Lisboa, ao desembarcar do barco “Colonial”, onde viajava com o nome de “Carlos Alberto de Sousa”. Evadiu-se, em 4 de abril, da Cadeia do Aljube, juntamente com Emídio Guerreiro, Heitor Rodrigues, José dos Santos Rocha, José Severo dos Santos e Manuel Sanches Dias. Acusado de ter matado o guarda do Aljube António Lopes, seria condenado à revelia em 28 anos de prisão. Refugiou-se na zona de Almada, sob o nome de “Azevedo da Cruz”, frequentava o associativismo local e, anarquista assumido, integrando o grupo “Spartacus”, envolveu-se no movimento revolucionário de 18 de janeiro na margem Sul, nomeadamente através da Associação de Classe dos Corticeiros de Almada: além de detentor de bombas explosivas e pistolas, participou no corte do cabo submarino no sítio do Portinho.
Regressado há pouco de Espanha, onde se acolhera temporariamente, é preso em 31 de julho de 1934, “por se encontrar há muito fugido” e estar implicado no movimento revolucionário de janeiro. Entregue ao 4.º Juízo Criminal de Lisboa em 30 de outubro, foi absolvido do crime de assassinato do guarda do Aljube e recolheu ao Limoeiro. Voltou, em 29 de março de 1935, a ficar sob a alçada da PVDE, a fim de ser julgado pelo Tribunal Militar Especial. Entrou no Aljube em 9 de maio e o TME, reunido no dia 15, condenou-o em cinco anos de desterro, multa de vinte mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos: era acusado de, “anteriormente a 18 de janeiro do ano findo, ter tomado parte em várias reuniões preparatórias do movimento revolucionário grevista […] tendo tomado parte no corte do cabo submarino entre Porto Brandão e Trafaria”. Interpôs recurso e o TME, de 25 de maio, alterou a pena para quatro anos de desterro, com seis meses de prisão no local escolhido pelas autoridades, e oito mil escudos de multa.
Embarcou, em 8 de junho de 1935, para Angra do Heroísmo, transferido para a Fortaleza de S. João Batista. A 23 de outubro de 1936, integra a primeira leva de deportados enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal.
Deveria ter sido solto em 15 de outubro de 1940, o que não sucedeu por despacho do diretor da PVDE de 24 do mesmo mês, ficando em prisão preventiva por ser considerada inconveniente a sua libertação. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 35.041, de 18 de Outubro de 1945, foi libertado em 30 de dezembro e regressou a Lisboa, no vapor “Guiné”, em 1 de fevereiro de 1946. Preso, pela última vez, em 28 de março de 1947, “para averiguações”, recolheu ao Aljube, sendo libertado em 14 de maio.
Filipe José da Costa
1165
Data da primeira prisão