
Nasceu em Barreiralva, a 12 de abril de 1922, filho de Alfredo Filipe, porteiro civil no Depósito da Remonta, e de Maria Margarida Filipe. Viveu no lugar do Pinheiro, junto à vila de Mafra, durante a sua infância, tendo deixado a vila para estudar na Escola Comercial Rodrigues Sampaio. Terminados os estudos e depois o serviço militar em Leiria e em Vendas Novas, voltou a Mafra, onde trabalhou como guarda-livros no Grémio da Lavoura.
A 8 de março de 1948, foi detido pela PIDE, juntamente com o seu amigo Mário Luís Caracol, por atividades contra a segurança do Estado. A acusação contra eles era a de terem feito pichagens contra o Estado Novo no muro da Tapada de Nacional de Mafra, entre a vila de Mafra e a Mougueta, na noite de 28 para 29 de fevereiro de 1948. Acrescia a militância no Partido Comunista Português (PCP), com o pseudónimo de “João”, e ter sido entre os finais de 1946 e outubro de 1947 membro do comité local do partido, servindo de elemento de ligação entre os elementos do PCP de Mafra e os da Murgeira e da Barreiralva. Segundo os autos, as principais atividades do PCP consistiam no envio de cartas para diversas individualidades a pedir a extinção do Tarrafal, além da distribuição de propaganda oposicionista.
Aquando da detenção de José Filipe Teixeira, a PIDE revistou-lhe a casa, tendo encontrado diversas publicações consideradas subversivas: Clarão Vermelho de Rodrigo Rodrigues dos Santos e Que Fazer? de Lenine, quatro volumes intitulados Jugoslávia Livre, bem como diversos livros publicados pelo PCP, como Se fores preso camarada ou A célula de empresa. Tinha também em sua posse três números do jornal Avante! e diversas separatas desse jornal.
Na sequência desta detenção, José Filipe Teixeira foi enviado para a Cadeia do Aljube e depois para Caxias, onde ficou a aguardar julgamento. A 30 de outubro de 1948 foi julgado pelo 3.º Juízo Criminal de Lisboa e condenado a 18 meses de prisão, mas foi libertado a 3 de novembro de 1948, enquanto aguardava pelo resultado do recurso que interpusera. A 13 de junho de 1949, por acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, viu a pena ser agravada para vinte meses de prisão correcional, na suspensão de direitos políticos por cinco anos, no imposto de justiça no valor de 1000$00 e ainda foi sujeito a medidas de segurança de um ano de internamento. Na sequência desta condenação definitiva, José Filipe Teixeira reiniciou o seu percurso prisional. Passou novamente por Caxias, para ser mais tarde transferido para Peniche e depois para Setúbal, de onde foi libertado a 12 de outubro de 1951, tendo sido mantido em liberdade condicional até 8 de março de 1956.
Depois da sua libertação, José Filipe Teixeira mudou-se de Mafra para Lisboa, para o bairro de Alvalade, onde viveu até à década de 1980. Continuou a trabalhar como guarda-livros para diversas empresas, até ter começado a trabalhar na Fundação Calouste Gulbenkian, também como guarda-livros. Empenhado em atividades políticas, manteve a sua ligação ao PCP até ao final da vida.
Fontes: Memorial Mafra (ANTT-Proc. 294/48 e RGP nº 18.156; Testemunhos orais).