Mário Luís Caracol nasceu em Mafra, a 22 de maio de 1921, filho de Luís Caracol e Maria da Conceição Caracol, ambos enfermeiros no Hospital da Nossa Senhora das Dores, em Mafra. Nasceu, cresceu e viveu na vila de Mafra, onde começou a trabalhar como ajudante de guarda-livros, na delegação da Intendência da vila.
Aos vinte e seis anos, foi detido pela PIDE, na sequência de umas pichagens no muro da Tapada de Mafra, entre a vila e o lugar da Mougueta, que foram executadas na noite de 28 para 29 de fevereiro de 1948. A detenção ocorreu a 8 de março desse ano, e juntamente com José Filipe Teixeira (que mais tarde veio a ser seu cunhado), foram os primeiros detidos num processo que procurou desmantelar a oposição no concelho de Mafra. Sobre o motivo direto da acusação, tanto ele como José Filipe Teixeira negaram ter feito as pichagens no muro da Tapada, que diziam “Abaixo o Tarrafal!”, “Viva a Democracia Portuguesa” ou “Amnistia”.
Dois dias depois da detenção, Mário Caracol declarou que era militante do Partido Comunista Português (PCP) desde o final de 1946, com o pseudónimo de “Mateus”, desempenhando funções no Comité Local do PCP em Mafra, até outubro ou novembro de 1947, participando em reuniões, distribuindo propaganda e pagando cota.
Julgado no TRibunal Plenário, foi condenado a 18 meses de prisão correcional. Tal como os restantes condenados, recorreu da decisão e aguardou em liberdade pela decisão final, tendo sido libertado a 5 de novembro de 1948. A 27 de outubro de 1949, na sequência da condenação definitiva pelo Supremo Tribunal de Justiça, regressou à prisão. Primeiro a Caxias, depois para Peniche e mais tarde para Setúbal. Foi condenado a 20 meses de prisão correcional, na suspensão de direitos políticos por cinco anos, no imposto de justiça no valor de 1000$00 e ainda foi sujeito a medidas de segurança de um ano de internamento. Saiu em liberdade condicional a 11 de agosto de 1951 e passou a liberdade definitiva a 3 de março de 1956.
Depois de ter regressado a Mafra, acabou por se tornar co-proprietário de uma loja, juntamente com Cassiano Ferreira. Mário Caracol continuou a ser membro do PCP e manteve-se politicamente interventivo. A 29 de abril de 1964, voltou a ser detido pela PIDE, por “atividades contra a segurança do Estado”, sendo libertado a 2 de julho desse ano. Em 1973, foi co-signatário do manifesto intitulado Todos ao Recenseamento, promovido pela CDE (Comissão Democrática Eleitoral), em que se incitava os cidadãos a inscreverem-se nos cadernos eleitorais, de maneira a votarem nas eleições para a Assembleia Nacional, que ocorreram em outubro desse ano.
Fontes: Memorial Mafra (ANTT-Proc. 294/48 e RGP nº 18155; Testemunhos orais).