Nasceu em Belém, Lisboa, provavelmente em 1899, filho de Maria da Conceição Gonçalves e de Marcelino Gonçalves.
Cortador de carnes, a residir e a trabalhar em Lisboa, era ativista sindical e militante do Partido Comunista. Dirigente, desde 1919-1920, da Associação de Classe dos Trabalhadores em Carnes Verdes de Lisboa, liderou, em 1931, a sua passagem da CGT para a CIS, onde, em setembro de 1933, a convite de José de Sousa, integrou funções diretivas, cumprindo-lhe organizar uma Federação Unitária dos Trabalhadores do Ramo da Alimentação.
Acabou por constituir o Secretariado dos Trabalhadores de Alimentação, formado pela Associação de Classe dos Trabalhadores em Carne Verde, Associação dos Pasteleiros e Confeiteiros, Sindicato do Pessoal Fabril da Indústria de Panificação e Moagem e Sindicato dos Distribuidores de Pão.
Envolveu-se, posteriormente, nos preparativos da greve de 18 de janeiro de 1934, cabendo-lhe mobilizar aquelas organizações de classe e os seus aderentes. Participou, ainda, em reuniões e, enquanto representante da CIS, deslocou-se, em dezembro de 1933, às Caldas da Rainha, Marinha Grande, Coimbra, Anadia, Porto, Matosinhos e Guimarães, com a finalidade de se implantarem Comités Sindicais locais que propagandeassem o movimento e assegurassem, no momento, a criação de Comités de Greve e de Agitação.
Continuou, depois daquela data, a trabalhar no movimento sindical ilegal com José de Sousa, cabendo-lhe a unificação das classes do ramo de alimentação, para além da distribuição de manifestos e de jornais clandestinos.
Preso em 17 de abril de 1934, “por andar há muito fugido” e ser “agente de ligação do agitador extremista José de Sousa”, ficou incomunicável. O seu “auto de declarações” data de 5 de maio e, posteriormente, esteve em Peniche e, em 19 de fevereiro de 1935, passou, temporariamente, para o Aljube a fim de ser julgado, no dia seguinte, pelo Tribunal Militar Especial. Condenado em seis anos de desterro, multa de doze mil escudos e perda dos direitos políticos por dez anos, reentrou em Peniche no dia 22 do mesmo mês.
Submetido a novo julgamento em 20 de março, por ter interposto recurso, viu confirmada a sentença anterior e, em 8 de junho, foi transferido para a Fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo.
No ano seguinte, em 23 de outubro, seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal. Aqui, alinhou com as posições de José de Sousa, de quem foi um colaborador muito próximo na primeira metade da década de 1930, vindo a ser afastado do Partido Comunista Português e integrou o Grupo dos Comunistas Afastados. Regressou a Lisboa em 1 de outubro de 1944. Levado para Caxias, foi libertado em 12 de outubro, mais de dez anos após a sua prisão..
Álvaro Gonçalves
“O Álvaro das Carnes Verdes” ou “O Gonçalves das Carnes Verdes”.
198
Data da primeira prisão