Eduardo Chivambo Mondlane nasceu em Manjacaze, província de Gaza a 20 de Junho de 1920, filho de um chefe tradicional.
Mondlane estudou inicialmente numa missão presbiteriana suíça próxima de Manjacaze, mas viria a terminar os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul. Após ter sido expulso, na sequência da subida ao poder do Partido Nacional, da Universidade de Witwatersrand, onde cursava Antropologia e Sociologia, seguiu estudos, usufruindo de uma bolsa, na Universidade de Lisboa. Aí conheceu outros estudantes que viriam a ser os líderes dos movimentos nacionalistas e anticoloniais de vários países africanos, como Mário Pinto de Andrade, Amílcar Cabral e Agostinho Neto. Completou os seus estudos nos Estados Unidos da América, frequentando o Oberlin College (Ohio) e a Northwestem University (Evaston, Illinois) e vindo a obter o doutoramento em Sociologia.
Trabalhou para as Nações Unidas, no Departamento de Curadoria, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos. Entre outras matérias, Mondlane participou na organização do referendo dos Camarões britânicos, em 1961, que acabou por ditar a anexação de parte desse território colonial pela República dos Camarões e outra parte pela Nigéria, países que tinham conquistado a independência em 1960.
Foi também professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse, em Nova Iorque. Nessa altura, Mondlane teve contactos com Adriano Moreira, ministro português do Ultramar, que queria recrutá-lo para trabalhar na administração colonial - este episódio esbarrou na convicção de Mondlane e de sua mulher, Janet Mondlane, de que o governo português deveria seguir rapidamente o caminho das restantes metrópoles europeias que estavam a aceitar a ascenção à independência das suas antigas colónias, pondo termo à exploração colonialista.
Precisamente em 1961, Mondlane visitou Moçambique, a convite da Missão Suíça, e teve contactos com vários nacionalistas, convencendo-se que as condições estavam criadas para o estabelecimento de um movimento de libertação que assegurasse a emancipação do povo moçambicano.
Entretanto, tinham-se formado três organizações com o mesmo objectivo: a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), a MANU (Mozambique African National Union, à maneira da KANU do Quénia e de tantas outras) e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente). Estas organizações tinham sede em países diferentes e uma base social e étnica também diferentes, mas Mondlane tentou uni-las, o que conseguiu, com o apoio do presidente da Tanzânia, Julius Nyerere – a FRELIMO ~(Frente de Libertação de Moçambique) foi criada na Tanzânia, com base naqueles três movimentos, em 25 de Junho de 1962, e Mondlane foi eleito seu primeiro presidente, com Uria Simango como Vice-Presidente.
A sua participação na CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas) permite-lhe estabelecer laços de maior proximidade com outros movimentos de libertação, designadamente o PAIGC, o CLSTP e o MPLA, conhecendo os seus objetivos e estratégias.
Nessa altura, Mondlane já tinha chegado à conclusão de que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem o recurso à luta armada, mas era necessário desenhar uma estratégia e obter apoios para a levar a cabo, o que Mondlane começou a fazer, multiplicando os seus contactos internacionais. Assim, os primeiros guerrilheiros foram treinados na Argélia e, entre eles, contava-se Samora Machel que o substituiria após a sua morte. Os seguintes foram já treinados na Tanzânia, onde a FRELIMO organizou ainda uma escola secundária, o Instituto de Moçambique.
A luta armada foi desencadeada em 25 de Setembro de 1964, com o ataque de um pequeno número de guerrilheiros ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado, a cerca de 100 km da fronteira com a Tanzânia.
A FRELIMO assumiu a luta pela “independência total e completa” de Moçambique, do Rovuma a Maputo, afastando tentativas de grupos étnicos em defesa de "independências" de partes do território.
Eduardo Mondlane foi assassinado a 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salam, ao abrir uma encomenda que continha uma bomba, que terá sido preparada pela PIDE e levada à fronteira da Tanzânia por Casimiro Monteiro, o ex-polícia goês que foi um dos assassinos de Humberto Delgado e Arajarir de Campos.
Quando faleceu, Mondlane deixou o livro "Lutar por Moçambique", que só foi publicado alguns meses depois da sua morte, onde detalha como funcionava o sistema colonial em Moçambique e o que seria necessário para desenvolver o seu país.
Na fotografia, Eduardo Mondlane usa da palavra na II Conferência da CONCP, em Dar-Es-Salam, Outubro de 1965