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Francisco de Barros Cachapuz (Paulo de Castro)

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Data da primeira prisão

Uma vida de entrega total à defesa da liberdade, à luta contra a tirania e o obscurantismo. Foi preso e deportado, ainda não tinha 20 anos. Integrou as Brigadas Internacionais na Guerra Civil de Espanha e viveu longos anos de exílio no Brasil. 
Foi um dos fundadores na clandestinidade do Partido Socialista Português.
Francisco de Barros Cachapuz (com o pseudónimo Paulo de Castro) nasceu em Chaves, em 1 de janeiro de 1914, estudou no Porto e depois em Paris. Deve ao seu pai a sua formação humanista e libertária. 
Foi preso em 28 de junho 1934, quando frequentava a Universidade do Porto, "por andar a organizar um exército comunista em Chaves". Levado a julgamento, ainda menor, num Tribunal Militar Especial, foi condenado a doze meses de prisão. Primeiro cumpriu pena em Peniche, onde deu entrada em 20 de abril de 1935, e, depois, foi deportado para os Açores, ficando preso no Forte de São João Baptista em Angra do Heroísmo, até Março de 1936. 
Voltou a ser preso pela PIDE “para averiguações” em janeiro de 1941 e, enviado para a cadeia do Aljube, aí permaneceu durante três meses, vindo a ser libertado sem ir a julgamento.
Quando foi libertado, pertencendo a uma família com posses, pôde continuar os seus estudos em Paris. Relacionando-se então com importante gente da cultura, frequentou os cursos de Henri Bergson e Lucien Laurat e fez amizade com Georges Politzer (filósofo marxista), que o terá influenciado no seu percurso ideológico. Trabalhou no jornal Le Populaire, onde conheceu Léon Blum. 
Alistou-se nas Brigadas Internacionais e partiu para a Espanha Republicana. Depois da derrota republicana foi internado nos campos de concentração do sul de França S. Cyprien e Gurs. Em 1940, após a invasão da França pelos alemães, fugiu do campo de Gurs para evitar a deportação e a morte pelos nazis, sendo recebido em Marselha, no sul da França, pelo brasileiro ex-combatente na Espanha, seu amigo Apolónio de Carvalho.
Regressou a Portugal por determinação do comité dirigente das Brigadas no campo. Atravessou a Espanha e, ao entrar ilegalmente em Portugal, foi preso e levado para o Aljube, onde ficou detido um ano sem processo. Quando foi libertado, foi-lhe fixada residência em Chaves e no Porto, até ser autorizado a sair para o Brasil, em 1946. Exilou-se nesse país por ser a terra de sua Mãe.
No Brasil apoiou sempre o núcleo de democratas portugueses aí exilados. De 1950 a 1952 exerceu o cargo de secretário da Tribuna da Imprensa. No Rio de Janeiro, dirigiu a editora paulista IPÊ e entrou para o Diário de Notícias, onde, a partir de 1955, foi comentarista de política internacional. Foi professor de Ciência Política no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), instituição criada em 1955 pelo governo brasileiro e fechada pelos militares, em abril de 1964.
Em 1957, a convite do embaixador da França no Brasil, viajou para a Argélia. Tomou posição a favor da luta pela independência daquele país africano, testemunhando de perto os horrores das torturas cometidas pelos franceses em visita a um campo de refugiados na Tunísia. 
Em 1960, foi chefe da sucursal da agência de notícias cubana Prensa Latina no Rio de Janeiro. Entre 1965 e 1969, foi editorialista do principal jornal de oposição ao regime militar, o Correio da Manhã, escrevendo sempre sobre política internacional. Após o encerramento deste jornal, em 1970, e do Diário de Notícias, em 1973, foi colaborador da Folha de São Paulo e de O Globo. Paralelamente, foi professor do Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Faculdade Cândido Mendes. 
Após a Revolução de 25 de Abril foi nomeado Conselheiro Cultural da embaixada de Portugal no Brasil, cargo que exerceu até 1980. Nesta função, abriu o Palácio de São Clemente, no Rio de Janeiro, para conferências, recitais de música e exposições com artistas e intelectuais portugueses e brasileiros. Depois, trabalhou como colunista da Folha de S. Paulo e do Diário de Notícias de Lisboa. 
Faleceu em novembro de 1993, no Rio de Janeiro. Deixou quatro filhos: António Francisco Cachapuz, professor universitário, fruto do primeiro casamento em Portugal; Paulo Brandi (historiador), José Augusto (médico, falecido em 1994) e Andréa (professora), do segundo casamento no Brasil com a professora Ethel Moretzsohn Brandi. 
Foi diversas vezes condecorado pelo governo português e por governos de outros países. Em Portugal foi agraciado, em 1983, com a Ordem Militar de Santiago de Espada e, em 1985, com a Ordem Militar Infante D. Henrique, sempre como grau de Comendador.
Em Chaves, sua terra natal, continua recordado, e foi igualmente condecorado, sob proposta da Câmara Municipal, com a Medalha de Prata de Mérito da cidade.
3. Livros publicados no Brasil: Camilo Castelo Branco (estudo crítico), 1957; Terceira força, 1958; Subdesenvolvimento e revolução, 1962; O conflito judeu-árabe e a coexistência pacífica, 1963; Feira dos Dogmas, 1965; Rosa Luxemburg, 1968; Do colonialismo de Israel à libertação da Palestina, 1969; Argélia, a terra e o homem, 1971; Alexandre, o Grande (em colaboração com Ethel Brandi Cachapuz), 1973.