banner

 

Gil Cornélio Gonçalves

Gil Cornélio Gonçalves
9755
Data da primeira prisão

Nasceu na freguesia de S. Salvador, em Elvas, em 16 de setembro de 1893, filho de Juliana Augusta Gonçalves e de Manuel Gonçalves.
Assentou praça em 30 de setembro de 1909 e, implantada a República, colaborou ativamente nos preparativos da Revolução de 14 de maio de 1915 contra a ditadura de Pimenta de Castro: integrou o “Comité revolucionário dos sargentos da Trafaria” e assegurou a sublevação da guarnição de uma bateria. Depois, em 10 de dezembro de 1917, com a tomada do poder por Sidónio Pais, foi preso e levado para a Casa de Reclusão da 1.ª Divisão do Exército, onde ficou até 24 do mesmo mês. Passou, então, para o Presídio Militar de Santarém, onde permaneceu até ao dia 21 de janeiro de 1918. Libertado, seria novamente detido durante 21 dias, ficando encarcerado no Governo Civil e no Castelo de São Jorge. Voltou a ser detido em 6 de setembro, acusado de fazer parte de um comité revolucionário da margem Sul do Tejo. Levado para o Governo Civil e Penitenciária de Lisboa, passou, em 6 de outubro, para o Presídio Militar de Santarém, de onde foi libertado em 10 de janeiro de 1919, aquando da revolta ocorrida na cidade. Fracassada esta, voltou a ser preso, saindo em liberdade com a derrota monárquica em Monsanto.
Devido às suas ligações ao Partido Republicano/Democrático, esteve preso 332 dias durante o Sidonismo. Promovido a alferes em 31 de março de 1919. Em 15 de setembro de 1920, o Ministro da Instrução Pública propôs que fosse condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, o que não se terá concretizado.
Após o 28 de maio de 1926, quando tenente de artilharia, patente que tinha desde 18 de novembro de 1922, participou na revolução de fevereiro de 1927. Estaria deportado na Madeira quando, em abril de 1931, se iniciou a “Revolta das Ilhas” contra a ditadura, a que aderiu. Foi, então, demitido do Exército, juntamente com os principais implicados, e deportado para Cabo Verde, ficando com residência fixada em S. Nicolau. Abrangido pela amnistia estabelecida pelo Decreto 21.943, de 5 de dezembro de 1932, regressou a Lisboa, tendo-se apresentado às autoridades policiais em 17 de janeiro de 1933.
Foi preso pela PSP de Setúbal e entregue, em 24 de novembro de 1933, à PVDE, acusado de manter ligações com deportados que permaneceram em Cabo Verde, entre os quais o general Sousa Dias e os ex-tenentes Manuel Ferreira Camões e Sílvio Pélico. Libertado em 12 de maio de 1934, trabalhou como empregado comercial e voltou a ser detido em 16 de abril de 1938, “para averiguações”, levado para a Cadeia do Aljube e libertado em 11 de maio. Reintegrado, em 1939, como oficial miliciano na situação de licenciado, tornou a ser detido em 25 de março de 1940, “para averiguações”, acusado de ser agente de ligação num movimento revolucionário em preparação. Levado, incomunicável, para uma esquadra e transferido, em 22 de abril, da 23.ª esquadra para a 1.ª, foi libertado em 3 de junho.
A última detenção aconteceu em 27 de fevereiro de 1942, sendo transferido, no dia seguinte, da Delegação do Porto da PVDE para Lisboa. Entrou, em 31 de julho, no Aljube, seguiu, em 2 de agosto, para Caxias e, em cinco do mesmo mês, foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde regressou em 1 de janeiro de 1944. Levado para o Hospital Júlio de Matos, seguiu, em 7 de janeiro, para Caxias e, em 23 de maio, entrou em Peniche, de onde saiu, em liberdade condicional, no dia 29. Contratado pelo Ministério do Ultramar, trabalhou em Angola entre finais de 1952 e 1956, quando regressou ao Continente. Integrava, desde 1923, a Maçonaria (Grande Oriente Lusitano). Faleceu em 16 de novembro de 1966, em Lisboa.