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João Augusto Divo Macedo

João Augusto Divo Macedo
Data da primeira prisão

Nasceu em Cidade da Praia, na ilha de Santiago, em 1952. Aos 17 anos foi aliciado por um tio por afinidade – José Reis Borges – que se apresentou como militante do PAIGC para uma deslocação a Conacri, a fim de se preparar para a luta de libertação, a conduzir depois no arquipélago. 
Para tal, preparam o desvio de um pequeno barco de ligação entre as ilhas, o “Pérola do Oceano”. Embarcaram na Praia, na noite de 19 para 20 de Agosto de 1970, uns com bilhetes para o Ilha do Fogo, outros para a Ilha de MaioMaio – e, pouco depois, o José Reis Borges ordena que o barco se dirija para Dakar. A resposta dada pelo dono e pelo comandante é desanimadora: o barco não tinha combustível para chegar ao Senegal.
“Então o José decidiu que se tinha de procurar combustível (…) que passaríamos por Rincão para ver combustível. (…) Ele, José, com Juvêncio da Veiga, saíram para ir buscar combustível, às tantas amanheceu e do José e do Juvêncio, nada. Eles saíram com uma mota (…) Por volta das 10/11 horas, um grupo decidiu ir a terra ver o que se estava a passar. Eu desci também, encontrei a mota, fiz ligação direta e fui procurar o José. Quando cheguei a Santa Catarina, a coisa já se tinha espalhado. A PIDE, vim a saber depois, já tinha conhecimento do que se tinha passado.”
Veio a encontrar José Reis Borges na Cruz Grande e depois, com outros que faziam parte do grupo, fugiram para a localidade de Tabugal, onde vieram a ser presos a 26 de Agosto. Levado para a Cadeia Civil da Praia, João Augusto Divo de Macedo passa ali cerca de seis meses, sendo depois transferido para o Tarrafal, de onde só sairá a 1 de Maio de 1974:
“À medida que fui amadurecendo, 18, 19, 20 anos, fui sentindo o peso da coisa. Fui trabalhando em artesanato, estudando, e com isso fui sentindo o peso, responsabilidade daquilo em que me tinha metido.”
Apesar de muitos estarem hoje convencidos de que José Reis Borges agiu como agente provocador, João Augusto tem algumas dúvidas: “Hoje, conforme as pessoas dizem, ele era da PIDE. Só que eu, até hoje, não me convenci que ele era da PIDE. Se ele era PIDE, como é que veio mobilizar pessoas para a luta?”
Sobre o Tarrafal, que considera “um lugar histórico, marcante para Cabo Verde e para o Mundo”, gostaria que viesse a ser “um museu”. 

 

Texto e fotografia a partir de "Tarrafal-Chão Bom, Memórias e verdades", de José Vicente Lopes, a quem agradecemos.