Dedicou grande parte da sua vida à luta contra o fascismo, pela Democracia e pela Liberdade, e pertenceu a uma família dramaticamente visada pela repressão. Presa por duas vezes, passou cerca de dois anos na Cadeia de Caxias.
Desempenhou várias tarefas clandestinas, das quais se destacam o seu papel na ligação entre militantes comunistas presos nas cadeias fascistas e a organização do PCP. Mulher calma e de aparência muito serena, manteve sempre uma enorme firmeza quer perante a PIDE, quer na cadeia.
Maria Adelaide Dias Coelho Aboim Inglez nasceu em Castelo Branco, a 27 de Março de 1932 no seio de uma família de combatentes contra o fascismo. Era filha de Alfredo Dias Coelho e de Juliana Augusta Dias Coelho; irmã de José Dias Coelho, o escultor comunista assassinado pela PIDE, e foi casada com o dirigente comunista Carlos Hanhemann Saavedra de Aboim Inglez. Aderiu ao PCP em 1953 e, pouco tempo depois de ter casado com Carlos Aboim Inglês, o casal aceitou o convite para se juntar às fileiras da organização clandestina do PCP.
A primeira prisão da Maria Adelaide ocorreu em Outubro de 1952, durante uma recolha de assinaturas a favor de um tratado de Paz entre as grandes potências, e para a proibição do armamento atómico. Manteve-se em Caxias durante cinco meses, sendo libertada em Março de 1953 sem ir a julgamento.
Em Junho de 1959 é presa pela segunda vez, quando a casa clandestina onde vivia com o marido e a filha, Margarida, foi assaltada pela PIDE. Teve então a presença de espírito de trancar a porta, para conseguir queimar materiais conspirativos e papéis que poderiam provocar outras prisões, enquanto os «pides» davam tiros na fechadura, para a arrombar.
Maria Adelaide Aboim Inglez e a filha, então com 4 anos, foram levadas para a sede da PIDE na António Maria Cardoso e, depois, para o Forte de Caxias. Maria Adelaide exige que a filha seja entregue à avó, Maria Isabel Aboim Inglês, o que acontece apenas cerca de uma semana depois da prisão. A criança ficará a viver com essa avó até 1962. Durante o tempo de prisão, Maria Adelaide é punida, sucessivas vezes, pelo director da cadeia, por ter recusado obedecer às «disposições regulamentares», e só em Outubro de 1960 é julgada em Tribunal Plenário. Tendo sido absolvida é libertada, 16 meses depois de ter sido encarcerada em Caxias. Porém volta a ser julgada em Janeiro de 1961 (noutro processo e por outro tribunal), sendo então condenada a 18 meses de cadeia, com pena suspensa, mas sai em «liberdade precária».
Antes do 25 de Abril, Maria Adelaide assumiu várias tarefas clandestinas, entre as quais em lutas de solidariedade e pela libertação dos presos políticos, e na ligação da organização dos camaradas presos nas cadeias fascistas com a organização do Partido (no exterior).
Entre 1968 e 1975, por opção da direcção do PCP, reside em Moscovo com Carlos Aboim Inglez, seu companheiro de sempre, e as filhas Margarida e Isabel.
Com o 25 De Abril regressa a Portugal e desempenha funções na sede do PCP (Rua Soeiro Pereira Gomes), na contabilidade central. Alguns anos depois, Maria Adelaide passa a trabalhar na livraria do «Centro de Trabalho Vitória» do Partido Comunista (Lisboa), onde fica até aos seus últimos dias, quando é vitimada por um AVC. Morre a 29 de Fevereiro de 2008.