Foi a primeira mulher condenada a 8 anos de prisão maior e medidas de segurança, a mulher com mais anos seguidos numa única prisão. Julgada em Tribunal Plenário em 1960, foi condenada a uma pena de 8 anos, seguida de «medida de segurança de internamento» de 6 meses a 3 anos, prorrogável por tempo indeterminado. Em 1967 iniciou o cumprimento das «medidas de segurança». E ficou em Caxias dez anos sofridos e intensos.
«Na prisão retiraram-me os melhores anos da minha vida. Entrei com 35 anos, saí com 45 anos.» – diz numa interessante entrevista a Helena Neves, de que deixamos aqui algumas passagens.
Maria Alda Barbosa Nogueira, filha de uma costureira de alfaiate e de um serralheiro mecânico, nasceu a 19 de Março de 1923 em Alcântara. Andou na Escola da Tapada (Alcântara) e frequentou o Liceu D. Filipa de Lencastre. Militou no Socorro Vermelho Internacional, recolhendo géneros e roupas para os espanhóis, e foi Presidente da Associação Escolar durante vários anos.
Aos 17 anos entrou na Faculdade de Ciências, onde veio a terminar a licenciatura em Físico-Químicas. Foi uma aluna brilhante e iria entusiasmar-se com a investigação. Ao mesmo tempo que participava nas lutas académicas, como aconteceu em 1942/43 contra o aumento das propinas, Maria Alda intensificou a intervenção social e política, nomeadamente na Associação Feminina Portuguesa para a Paz.
Depois, chegou a exercer a docência no Ensino Secundário, durante 3 anos.
Em 1945 conhece Maria Lamas e com ela o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas renasce para um período apaixonante de actividade, de desenvolvimento.
É na Faculdade que entra para o Partido Comunista Português. A sua ânsia de transformação da vida não se esgota no estudo nem nas outras actividades de intervenção, Maria Alda sente necessidade de outros horizontes, outras formas de luta. Arrisca. Em 1949 entra na clandestinidade e vai trabalhar na redacção do «Avante!» Acredita, no entanto, que será por pouco tempo. O seu desejo mais profundo é dedicar-se à investigação, procurando conciliá-la com a participação política. Ausculta o passar do tempo e vai lendo obras científicas. Lê muito obras científicas para não se desactualizar.
Em 1957 no V Congresso do PCP é eleita membro suplente do Comité Central. Em 1959 é presa, abruptamente, e ficará presa desde Outubro de 1959 até Dezembro de 1969.
É logo nos primeiros dias de prisão, quando incomunicável, que Alda imagina a primeira história infantil, que termina já em liberdade e publicará em 1977: «A viagem numa Gota de Água» – Uma escrita que corresponde à recordação do filho e de outras crianças atravessando a sua memória. E que corresponde também à necessidade de sobreviver, sem desespero, à incomunicabilidade.
Depois do 25 de Abril foi também no combate pela libertação da mulher que se moveu – e fez mover outras mulheres – com paixão e empenhamento constantes. Colaborou no Suplemento «A Mulher» do Diário.
Publicou os livros infantis escritos ou imaginados na prisão: «Viagem numa Gota de Água» e «Viagem numa Flor» e «As coisas também se zangam».
Foi deputada à Assembleia Constituinte de 1975 e eleita para a Assembleia da República em 1976, onde permaneceu até 1986.
Membro do C.C. do PCP e deputada de 1975 a 1985. Presidente da Comissão Parlamentar da Condição Feminina de 1983 a 1985, Maria Alda Nogueira permaneceu activa, interveniente, inquieta.
Para além de ter exercido o cargo de Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PCP durante 12 anos, integrou também várias comissões parlamentares.
Em 1988 foi condecorada com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República. Em 1987 recebeu a Distinção de Honra do Movimento Democrático de Mulheres.
Faleceu em 5 de Março de 1998.