banner

 

Manuel Batista dos Reis

020607
ou Manuel Reis
13277
Data da primeira prisão

Nasceu em Lisboa a 18 de fevereiro de 1908 e formou-se em Medicina, também em Lisboa, em 1932. Já durante a vida académica teve grande actividade política. Sensível às injustiças sociais e à repressão política passou, desde muito novo, a intervir nos movimentos estudantis oposicionistas ao Estado Novo. 
Foi detido pela primeira vez em 1932, ainda estudante, por participar na fuga do dirigente do PCP Miguel Wager Russell para o estrangeiro. Foi na cadeia da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) antecessora da PIDE, que efectuou o exame final de curso. Uma vez libertado exerceu a sua actividade de médico num sanatório do distrito de Castelo Branco.
Em 1936, com a eclosão da Guerra Civil de Espanha, Manuel Batista dos Reis passou a fronteira, juntamente com o seu irmão Mário Baptista dos Reis, para se integrar, com a função de médico, nas Brigadas Internacionais, que apoiaram o Governo Republicano na luta contra as hostes do general Franco. Passou por Barcelona, aderiu então definitivamente ao PCP, e seguiu para a frente de Aragão (86ª Brigada Internacional).
Em 1937 foi seriamente ferido, ficando vinte dias em estado de coma.
Com o fim da Guerra Civil e a vitória de Franco, depois de se refugiar em França, foi preso e conduzido a um campo de internamento no sul deste país.
Com a ocupação do território francês pelas tropas hitlerianas, em 1941, Manuel dos Reis, por indicação do Comando das Brigadas Internacionais, pediu o repatriamento e regressou a Portugal com um passaporte falso. Porém, foi detido na fronteira, em Beirã, concelho de Marvão, por denúncia. Levado para a cadeia do Aljube, foi depois enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal (na ilha de Santiago, em Cabo Verde) onde permaneceu até 1946, sem julgamento nem culpa formada. 
Não obstante a falta de meios, durante os 4 anos de detenção no «Campo da morte lenta», procurou ser aceite como ajudante de médico e apoiar os companheiros. Com a ajuda de Ivone Eduarda Douwens e de outros antifascistas, na Metrópole, conseguiu que fizessem chegar ao Tarrafal um medicamento com o qual puderam ser salvos da morte por paludismo inúmeros companheiros. 
Pela sua acção corajosa em defesa dos companheiros, sofreu por duas vezes os horrores da «frigideira» (uma vez, 20 dias de castigo, por requisitar gesso para engessar a perna de um companheiro em perigo de vida – gesso esse que o director do Campo estava a utilizar em obras na sua residência – e se recusar a dizer quem lhe dera tal informação). A segunda vez, em 1944, por enviar uma exposição ao director do Campo, a denunciar as condições degradantes em que viviam os prisioneiros.
Amnistiado em 1946, regressou a Portugal e fixou residência em Grândola, onde casou com Ivone Douwens, e iria exercer medicina durante cerca de 46 anos. Fez parte do MUD, envolveu-se activamente na candidatura de Norton de Matos à Presidência (1949) e, nessa altura, voltou a ser detido.
Foi membro da URAP-União de Resistentes Anti-Fascistas Portugueses, membro da Comissão Concelhia de Grândola do PCP (até à data da morte), e deputado municipal (entre 1976 e 1979).
Faleceu em Grândola, a 10 de fevereiro de 1992, ano em que foi atribuído o seu nome a uma rua. Jaz sepultado no cemitério municipal.