Virgínia Faria de Moura nasceu em Guimarães, São Martinho do Conde, Guimarães, a 19 de Julho de 1915. Nos anos 20 a família transfere-se para Vila de Conde. A guerra acabara há pouco tempo, as consequências ainda se sentiam e as dificuldades económicas eram enormes. Para ir para o Liceu, Virgínia teve de obter notas suficientemente elevadas para poder beneficiar de uma bolsa de estudo.
Com apenas 15 anos de idade participou numa greve estudantil, na Póvoa de Varzim, em protesto contra o assassinato pela polícia de um jovem estudante chamado Branco.
Nos anos 30 foi estudar para o Porto e no liceu feminino sentiu-se marginalizada, tanto por colegas como por alguns professores, chegando a pensar deixar de estudar. Foi então que conheceu António Lobão Vital, um jovem participante nas lutas académicas, que ambicionava, também ele, um mundo diferente. Virgínia Moura encontrara o companheiro da sua vida.
Nessa altura não fazia ideia do que era um partido, apenas pressentia a possibilidade de fazer algo para modificar a situação existente à sua volta, as injustiças, a coação, o medo.
Em 1933 Virgínia Moura ligou-se ao PCP, e logo nesse ano participou na organização da secção portuguesa do Socorro Vermelho (Organização de Socorro aos Presos Políticos Portugueses e Espanhóis).
Foi a primeira mulher portuguesa a obter o título de engenheira civil. Cursou ainda Matemáticas e frequentou a Faculdade de Letras de Coimbra. Vendo-lhe negado o acesso à Função Pública (a ficha policial já então a assinalava como opositora da ditadura fascista), durante muitos anos teve que ministrar explicações de matemática e recorrer à elaboração de cálculos técnicos para colegas engenheiros.
Virgínia Moura colaborou em jornais como «O Diabo», de Lisboa; «O Pensamento», do Porto; e «O Trabalho», de Viseu. Assinava os seus escritos como «Maria Salema»– o pseudónimo com que procurou iludir a polícia política e os censores. Contribuiu para promover a criação da Revista «Sol Nascente» e organizou conferências com participação de figuras destacadas da Cultura, tais como Maria Lamas, Teixeira de Pascoaes e Maria Isabel Aboim Inglês.
A sua intensa e corajosa actividade política contra o regime fascista levou-a, em 1949, à primeira prisão – o que, até ao 25 de Abril, viria a repetir-se 15 vezes. Nove vezes processada e três vezes condenada, agredida inúmeras vezes pela polícia política durante actos públicos de afirmação democrática, a vida de Virgínia Moura foi um confronto constante com o fascismo.
Participou nos combates do MUD (Movimento de Unidade Democrática) e do Movimento Nacional Democrático; nas batalhas políticas em torno das «presidenciais» com as candidaturas de Norton de Matos, de Ruy Luís Gomes, de Humberto Delgado; nos congressos da Oposição Democrática de 1956, 1969 e 1973 e nas campanhas políticas levadas a cabo nas eleições para a Assembleia Nacional, em 1969 e 1973.
Virgínia Moura estava em todas as pequenas ou grandes lutas contra a repressão, pela solidariedade com os presos políticos, pela melhoria das condições de vida do povo, pela igualdade e afirmação dos direitos das mulheres e da sua participação na vida política.
Depois do 25 de Abril e nas novas condições de liberdade, continuou a luta em defesa e consolidação do regime democrático e pelas «transformações capazes de assegurar em Portugal um regime socialista».