Em 1964, Luís Cília publicou em França o disco "Portugal-Angola: Chants de Lutte", que continha, entre outras, a canção "A bola".Com poesia de Jonas Negalha e música, canto e guitarra de Luís Cília, tornou-se uma das mais violentas denúncias da guerra colonial, evocando fotografias que circulavam mostrando cabeças de negros espetadas em paus por soldados portugueses: Rola sangrenta uma bola no chão de Angola.
Canções de Resistência
1954
O Desertor foi escrita por Boris Vian em fevereiro de 1954, com a colaboração de Harold B. Berg - na versão aqui apresentada é o próprio Boris Vian que interpreta a canção.A sua primeira apresentação pública ocorreu no cabaret La Fontaine des Quatre-Saisons, em Paris, pelo cantor de origem argelina Marcel Mouloudji - num espectáculo realizado no dia 7 de maio de 1954, data da humilhante derrota das tropas francesas em Ðiện Biên Phủ, no Vietnam, que apressaria o fim da "Guerra da Indochina".
Uma das "Canções Heróicas" de Fernando Lopes-Graça, sobre versos de José Gomes Ferreira, aqui interpretada pelo Coro Ricercare, fundado pelos maestros Carlos Caires e Paulo Lourenço, e dirigido desde 2001 por Pedro Teixeira.Esta canção constituíu sempre, ao longo da segunda metade do século XX e até aos nossos dias, um importante cântico de mobilização e de luta.
Canção tradicional da Beira Alta, com letra adaptada. A versão aqui apresentada, pela voz de José Afonso, tornou-se um dos principais hinos de luta durante o fascismo, incluindo nas cadeias.Importa registar que também frequentemente lhe eram incorporadas outras estrofes, como "pára-raios na igreja/é para mostrar aos ateus/que o crente por mais que o seja/não tem confiança em Deus".
1941
Le Chant des Partisans é o principal hino da Resistência francesa contra a ocupação nazi, durante a II Guerra Mundial.Criada em 1941 pela compositora francesa Anne Marly, exilada em Londres, foi inspirada em canções da guerra civil russa. Em 1943, Maurice Druon e Joseph Kessel, também refugiados em Londres, escrevem a versão francesa da letra, enquanto as emissões da BBC para França adotam como indicativo o assobio inicial, que sucede ao cântico nazi.
1953-1954
O Hino de Caxias resultou do trabalho coletivo de quantos se encontravam presos numa cela daquela cadeia e num momento agudo de luta contra os carcereiros - evidenciado pelos castigos em "cela disciplinar" que vários deles sofreram nessa época (finais de 1953 e início de 1954).A música do Hino de Caxias é da autoria de Vasco da Costa Marques, seguindo a ideia dos companheiros de cela, que queriam marcar o ritmo com as tairocas de madeira (tamancos de sola de madeira e couro forte), batendo no chão, enquanto cantavam.