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30 Esquadras de Lisboa

No início dos anos 20, assistiu-se a uma progressiva reorganização da implantação na cidade de Lisboa do dispositivo da Polícia de Segurança Pública, que incluíu a designação numérica das diferentes esquadras.
Esse dispositivo conhecerá adaptações ao longo dos anos seguintes, por um lado em função do desenvolvimento urbanístico da capital e, por outro, para responder às crescentes "necessidades" repressivas da ditadura implantada em 28 de maio de 1926. Do mesmo modo, algumas esquadras e postos de polícia irão mudar de localização, recebendo também diferentes numerações.
As esquadras e postos da PSP foram crescendo em número e efectivos, estando algumas especialmente afetas a diferentes serviços públicos, como era o caso da Câmara Municipal de Lisboa, dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste, do Porto de Lisboa e, mais tarde, do Aeroporto da Portela - caso em que, geralmente, não recebiam número de ordem.
Durante vários anos, em especial até à entrada em funcionemnto pleno da sede da PVDE na rua António Maria Cardoso, em 1938, algumas dessas esquadras sustentaram a verdadeira logística da repressão sobre os presos políticos, na medida em que era nelas que os presos eram colocados e, sobretudo, era nelas que se passava grande parte da violência policial e a tortura - quase sempre em articulação com a Cadeia do Aljube e, em alguns casos, com o Forte de Caxias.
Com frequência, o Registo Geral de Presos nem sequer anota a esquadra em que foi colocado um detido, embora quase sempre assinale a decisão de ali o ter "incomunicável". A principal exceção a essa ocultação reside nas referências à 1.ª esquadra, situada no Governo Civil, cujos calabouços tinham dimensão para acolher grande número de presos e que, por outro lado, servia frequentemente para serem colocados os presos nas vésperas dos "julgamentos" dos Tribunais Militares Especiais, muitas vezes realizados nesse mesmo edifício.


Lista de esquadras e postos da PSP em Lisboa (após reorganização de 1922) 

1.ª Esquadra - Governo Civil (Rua Capelo)
2.ª Esquadra - Rua do Comércio
3.ª Esquadra - Travessa das Mercês
4.ª Esquadra - Praça da Alegria
5.ª Esquadra - Rua da Boavista
6.ª Esquadra - Rua da Mouraria
7.ª Esquadra - Pátio de D. Fradique
8.ª Esquadra - Teatro Nacional

9.ª Esquadra - Rua dos Anjos
10.ª Esquadra - Calçada de Arroios (com Posto no Arieiro)
11.ª Esquadra - Alto do Pina
12.ª Esquadra - Mónicas
13.ª Esquadra - Vale do Santo António (com Postos na Vila Candida, à Penha de França)
14.ª Esquadra - Beato (com Postos em Chelas e nos Olivais)
15.ª Esquadra - Caminho de Ferro

16.ª Esquadra - Santa Marta
17.ª Esquadra - Avenida Marquês de Tomar e, mais tarde, na Rua Tomás Ribeiro (com Posto no Rego)
18.ª Esquadra - Campo Grande (com Postos no Bairro Económico da Quinta da Calçada e no Bairro Social do Arco Cego)
19.ª Esquadra - Lumiar
20.ª Esquadra - Benfica (com Postos em Carnide e no Alto da Boa Vista, Monsanto)
21.ª Esquadra - Campolide
22.ª Esquadra - Praça do Brasil (atual Largo do Rato)

23.ª Esquadra - Rua da Lapa (com Posto na Fonte Santa)
24.ª Esquadra - Terramotos (Arco do Carvalhão)
25.ª Esquadra - Ajuda
26.ª Esquadra - Belém
27.ª Esquadra - Pedrouços
28.ª Esquadra - Alcântara
29.ª Esquadra - Pampulha
30.ª Esquadra - Caminho Novo (junto ao Parlamento)

Fonte principal: Subsídios para a história da localização das esquadras da polícia de Lisboa, da autoria do tenente Armando Vitorino Ribeiro (Separata da revista Polícia Portuguesa, março e abril de 1948 e julho e agosto de 1952)