Natural de Lisboa, nasceu a 4 de dezembro de 1881, filho de Francisco Manuel Valente e de Catarina Victória da Conceição Vitorino Barata Salgueiro Valente.
Assentou praça como soldado em 17 de agosto de 1898, ingressando, em 1900, no curso de Infantaria/Cavalaria da Escola do Exército, sendo colocado como Alferes, em 15-11-1903, no Regimento de Infantaria n.º 21, na Covilhã.
No início da carreira, ofereceu-se duas vezes, em 1905 e em 1909, para integrar as forças expedicionárias que deviam seguir para Angola (“campanhas de pacificação”) – não tendo sido aceite.
Durante os anos de 1909 e 1910 teve graves problemas de saúde, que o levaram a sucessivos períodos de inatividade – viria a sofrer de aortite crónica (inflamação da aorta) com crises de hipertensão e insuficiência cardíaca.
Entretanto, por razões que se desconhecem, foi demitido do Exército, por decreto de 8 de Junho de 1911, “a bem dos superiores interesses da República Portuguesa”. Mais tarde, durante o sidonismo, vai requerer, a 14-06-1918, a sua reintegração, por ter sido demitido “por motivos d’ordem política” – pretensão que lhe é imediatamente deferida por despacho de 25 de junho, sendo promovido a capitão e, dois meses depois, a major.
Terá participado no golpe militar de 28 de maio de 1926 como “elemento do Comité Revolucionário de Lisboa”, juntamente com Mendes Cabeçadas, Gama Ochôa, Jaime Baptista e Carlos Vilhena.
Em 4 de Janeiro de 1929, por ordem do Ministro da Guerra, foi colocado na Secção de Justiça do Quartel-General do Governo Militar de Lisboa, onde se manteve até 27 de abril de 1934, em funções de Oficial de Justiça.
Entretanto, ascendeu ao posto de Tenente-coronel em 14 de Dezembro de 1929 e veio a frequentar na Escola Central de Oficiais, o curso de Informação do 3º Grau, que decorreu entre 17 de fevereiro e 6 de julho de 1935.
O Tenente-coronel Valente esteve envolvido na tentativa de golpe de estado ocorrida em 10 de setembro de 1935, conhecida como “Golpe do Comandante Mendes Norton”, apoiada pelo Movimento Nacional-Sindicalista, liderado por Francisco Rolão Preto.
Foi detido pela PVDE na noite de 9 para 10 de setembro de 1935 (e não 1936, como consta do RGP), "por conspirar contra a Situação", na Avenida Almirante Reis, esquina com a Rua Febo Moniz, quando conversava com Manuel Caipira e com o Capitão Abel Lopes de Almeida, também envolvidos no golpe – quando seguia num automóvel sob prisão, atirou pela janela uma pistola, que, no entanto, foi apanhada por dois polícias que seguiam numa camioneta atrás do automóvel.
Com a saúde muito debilitada, deu entrada na Cadeia do Aljube vindo do Hospital Militar Principal em 29-10-1935, sendo transferido no mesmo dia para a "enfermaria provisória da cadeia do Aljube"
Curiosamente, o RGP omite que o tenente-coronel Manuel Valente foi entretanto enviado para a fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, em 18-12-1935, diretamente do Hospital Militar Principal, onde estava com baixa desde 5 desse mês. Uma vez nos Açores, onde iria passar 4 meses, baixou ao Hospital Militar de Angra do Heroísmo, em 21-03-1936, donde acabou por sair, um mês depois, com destino ao Hospital Militar Principal, em Lisboa, onde deu entrada a 25 de abril desse ano.
Julgado em TME, foi condenado em 15-08-1936, na "pena de três anos e meio de desterro em local à escolha do Governo", multa de 500$00 e perda de direitos políticos por 10 anos. Na mesma sentença, foi demitido do Exército. Recorreu e a sentença foi obviamente confirmada.
Foi-lhe dada alta da enfermaria do Aljube em 30-03-1937, sendo na mesma data transferido para a Fortaleza de Peniche. Em 18 de maio, regressou ao Aljube, sendo levado, no dia seguinte, para o Reduto Norte do Forte de Caxias, onde vai morrer em 29 de julho de 1937, com 53 anos de idade.
(Nota biográfica a partir de “Manuel Valente, um revolucionário esquecido”, da autoria do Cor. Pereira da Costa, in Revista Militar n.º 2532, de janeiro 2013).