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Congresso de Cassacá

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O I Congresso do PAIGC realizou-se em Cassacá, numa região libertada, entre o rio Cacine e a fronteira com a República da Guiné, a escassos 15 quilómetros da Ilha de Como, onde se travava a mais longa batalha da guerra colonial.

Cabral acentuou esta conjugação militar e política: De 13 a 17 de fevereiro de 1964, a quase totalidade dos quadros dirigentes do Partido, assim como delegados vindos de todas as regiões do país, puderam reunir-se, apesar dos canhões e aviões portugueses, para discutir problemas fundamentais da nossa vida e da nossa luta.

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O Congresso de Cassacá constituiu um momento de profunda viragem no PAIGC, designadamente pela condenação dos abusos de poder e violências contra as populações, pelo estabelecimento de comandos inter-regionais e a criação de um órgão central de direcção da luta armada (o Conselho de Guerra) e, ao mesmo tempo, pelo reforço da organização do Partido.

O PAIGC não possuia uma estrutura e uma organização capazes de assegurar simultaneamente a luta política e a luta militar. Ou seja, a mobilização das populações e a condução dos ainda escassos meios militares. Do mesmo modo, os quadros políticos e os quadros militares empenhados na luta de libertação apresentavam carências que não fora ainda possível resolver.

Daí a importância crucial deste 1.º Congresso do PAIGC.

Principais medidas tomadas:

  • Reorganização do Partido;
  • Reforço do trabalho político;
  • Progresso na mobilização e organização das massas populares em Cabo Verde;
  • Liquidação das manobras do inimigo tendentes a dividir e desmobilizar o nosso povo pela criação de movimentos fantoches;
  • Reorganização da luta armada e criação das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP);
  • Extensão e multiplicação das frentes de luta;
  • Intensificação e aumento de frequência dos ataques contra os quartéis portugueses;
  • Formação de quadros militares especiais (armas pesadas, armas antiaéreas, etc.) e de quadros destinados à luta armada nas ilhas de Cabo Verde;
  • Alcançar vitórias importantes, nomeadamente na região do Gabú, Boé, Canchungo, S. Domingos;
  • Consolidação das posições do PAIGC nas regiões libertadas, reforçada pela obtenção de meios mais eficazes de defesa.
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Ao nível político e da propaganda, o Congresso de Cassacá ficou também marcado pela eleição do 1.º Bureau Político do PAIGC, pela criação de novas unidades militares - de que é exemplo o pelotão feminino - e, sobretudo pela afirmação do predomínio do poder político sobre os chefes militares regionais.

A auto-crítica sobre erros cometidos foi uma arma essencial na reestruturação do movimento e na sua arrancada para novas vitórias e para o desenvolvimento político das regiões libertadas.

Amílcar Cabral assumiu inequivocamente o comando político e militar da luta de libertação.