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João Guilherme Rego Arruda

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Manifestantes, na sua maioria jovens, que se tinham concentrado na Praça do Comércio, dirigiram-se ao Cais do Sodré, daí subindo para o Chiado pela Rua do Alecrim.
Ao passarem pelo largo Barão de Quintela, antes de atingirem o quartel dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, um descampado em obras deixava vislumbrar o edifício da sede da PIDE/DGS e, de imediato, houve quem gritasse "Todos à PIDE!".
Os que de algum modo tinham até ali encabeçado aquela manifestação tentaram, em vão, retomar as palavras de ordem com que a tinham animado, em especial “guerra do povo à guerra colonial!” mas a verdade é que dezenas de populares partiram em corrida em direção ao largo do Chiado e penetraram na rua António Maria Cardoso, onde se situava a sede da polícia política (hoje transfigurada em condomínio de luxo...).
Os manifestantes, com gritos “morte à PIDE!” e “assassinos! assassinos!”, percorreram a rua, passando pelo Chiado Terrasse e pelo Teatro S. Luís até investirem contra as portas do edifício da PIDE/DGS.
A polícia política tinha ainda, naquele dia, todas as razões para estar segura da sua plena integração na nova ordem política resultante do golpe militar e, por isso, não pretendia "pactuar com os arruaceiros".
Os principais responsáveis da polícia política e muitos dos seus esbirros assomaram às varandas e janelas da sede e disparam rajadas de metralhadora e tiros de pistola contra os manifestantes (na retaguarda, dispunham ainda, designadamente, de granadas e de metralhadoras pesadas).
Quatro mortos e mais de quarenta feridos são o retrato daquela fúria assassina e do terror que os movia perante a ousadia popular. Os agentes da PIDE nunca foram incriminados.

Nesse dia, a PIDE/DGS assassinou Fernando Carvalho Giesteira, Fernando Luís Barreiros dos Reis, João Guilherme Rego Arruda e José James Harteley Barneto.

João Guilherme Rego Arruda nasceu a 13 de janeiro de 1954 na Ilha de São Miguel, nos Açores, filho de Eduardo Arruda, cantoneiro, e de Georgina da Conceição, doméstica e lavadeira, pais de 13 filhos.
Aos 9 anos, João Guilherme entrou para o Seminário Menor de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e, em 1972, com 18 anos parte para Braga para estudar Filosofia na Universidade Católica, com uma bolsa da então Junta Geral de Ponta Delgada, perspetivando uma carreira sacerdotal. 
Pouco depois rompe com a vida religiosa e pede transferência para Lisboa. No verão de 1973, numa breve estada em França, compra o Livro Vermelho de Mao Tse Tsung e o Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels e, em setembro, entra na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Complementarmente trabalhava no então Serviço Nacional de Emprego.
Politicamente à esquerda, embora sem uma atividade intensa, participa nas greves estudantis e em distribuições de comunicados clandestinos. 
No dia 25 de Abril 1974, ao tomar conhecimento do golpe militar, dirigiu-se, como milhares de pessoas, para a Baixa lisboeta para assistir ao desenrolar dos acontecimentos.
Ao início da noite, João Arruda é um dos muitos que se concentravam junto à sede da DGS exigindo a sua ocupação e rendição. Já depois da rendição de Marcelo Caetano no largo do Carmo, agentes da DGS abrirão indiscriminadamente fogo a partir das varandas e das janelas do edifício sobre a multidão na rua, causando dezenas de feridos e quatro mortos. Perto das 20h30 João Arruda é mortalmente atingido na cabeça por uma das balas da polícia política, acabando por morrer no Hospital de São José às 00h30 de 26 de abril. 

Dados biográficos com base nas informações do Centro de Documentação do Museu do Aljube-Resistência e Liberdade