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Fernando Luís Barreiros dos Reis

Manifestantes, na sua maioria jovens, que se tinham concentrado na Praça do Comércio, dirigiram-se ao Cais do Sodré, daí subindo para o Chiado pela Rua do Alecrim.
Ao passarem pelo largo Barão de Quintela, antes de atingirem o quartel dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, um descampado em obras deixava vislumbrar o edifício da sede da PIDE/DGS e, de imediato, houve quem gritasse "Todos à PIDE!".
Os que de algum modo tinham até ali encabeçado aquela manifestação tentaram, em vão, retomar as palavras de ordem com que a tinham animado, em especial “guerra do povo à guerra colonial!” mas a verdade é que dezenas de populares partiram em corrida em direção ao largo do Chiado e penetraram na rua António Maria Cardoso, onde se situava a sede da polícia política (hoje transfigurada em condomínio de luxo...).
Os manifestantes, com gritos “morte à PIDE!” e “assassinos! assassinos!”, percorreram a rua, passando pelo Chiado Terrasse e pelo Teatro S. Luís até investirem contra as portas do edifício da PIDE/DGS.
A polícia política tinha ainda, naquele dia, todas as razões para estar segura da sua plena integração na nova ordem política resultante do golpe militar e, por isso, não pretendia "pactuar com os arruaceiros".
Os principais responsáveis da polícia política e muitos dos seus esbirros assomaram às varandas e janelas da sede e disparam rajadas de metralhadora e tiros de pistola contra os manifestantes (na retaguarda, dispunham ainda, designadamente, de granadas e de metralhadoras pesadas).
Quatro mortos e mais de quarenta feridos são o retrato daquela fúria assassina e do terror que os movia perante a ousadia popular. Os agentes da PIDE nunca foram incriminados.

Nesse dia, a PIDE/DGS assassinou Fernando Carvalho Giesteira, Fernando Luís Barreiros dos Reis, João Guilherme Rego Arruda e José James Harteley Barneto.

Fernando Luís Barreiros dos Reis, filho de Alice e Luís Reis, nasceu a 16 de novembro de 1950 em Arranhó, Arruda dos Vinhos. Com 11 anos entrou para a Casa Pia, onde estudou até 1967.
Pouco se sabe sobre a vida de Fernando Reis, exceto que, à data da morte, era soldado da 1.ª Companhia Disciplinar de Penamacor, unidade historicamente utlizada pelo Estado Novo para punir militares e elementos da oposição acusados de indisciplina. 
No dia 25 de Abril de 1974 estaria de licença em Lisboa quando o golpe militar eclodiu, sendo um entre os milhares que acompanharam nas ruas de Lisboa os principais acontecimentos. 
Ao fim do dia, participa na manifestação que segue em direção à sede da Direção-Geral de Segurança (DGS), anteriormente Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE).
Fernando Reis, com 23 anos, pai de dois filhos, foi atingido mortalmente pelas balas da DGS, tendo falecido, ao que tudo indica, no Hospital Militar da Estrela.

Dados biográficos om base nas informações do Centro de Documentação do Museu do Aljube-Resistência e Liberdade